Cada vez que você passa por um buraco ou irregularidade na pista, sente um solavanco no carro e tem a impressão de que a estabilidade do veículo está comprometida? Sim, isso é um sinal de que é hora de substituir o amortecedor, uma peça que, normalmente, tem vida útil de 40 mil a 50 mil quilômetros. Mas, será que optar por um amortecedor recondicionado vale a pena?
Diante dos altos preços de manutenção, essa pode ser uma dúvida comum aos condutores dos veículos. Afinal, a peça recondicionada é segura ou não?
Na avaliação de Bóris Feldman, do AutoPapo, a resposta é negativa. “Só se manda recondicionar um amortecedor quando ele [seu modelo] não existe mais no mercado, já deixou de ser produzido”, diz ele, em artigo sobre o tema. Em sua visão, a peça remanufaturada custa mais caro do que a original.
“O amortecedor remanufaturado mais barato que o original não amortece coisa nenhuma, pois só houve troca de óleo e pintura externa. As peças internas necessárias para esse recondicionamento, como válvulas e anéis que se desgastaram, não estão disponíveis para reposição”, pontua.
Mas existem diferenças entre uma peça recondicionada e remanufaturada. Para entender melhor o tema, confira as respostas às principais dúvidas dos motoristas.
Amortecedor recondicionado é a mesma coisa que remanufaturado?
Não! Uma peça recondicionada é submetida a um processo de desmontagem, com substituição de componentes desgastados por novos. Já a remanufatura é um processo industrial de responsabilidade dos fabricantes.
Assim, no caso de peças recondicionadas, as partes danificadas são retiradas e substituídas. Nesta substituição, existe o risco de serem utilizados elementos que podem apresentar eventuais defeitos.
Em outras palavras, o amortecedor remanufaturado pode ser considerado novo, enquanto que uma peça recondicionada nada mais é do que um item restaurado.
É seguro usar um amortecedor recondicionado?
Quando se trata de um amortecedor novo, a peça original vem do fabricante e oferece todas as garantias necessárias.
No entanto, um amortecedor pode ter sido recondicionado por um profissional de sua confiança, que executou o trabalho corretamente e, provavelmente, oferece a segurança necessária.
Mesmo assim, existem alguns pontos de atenção que devem ser observados quando se trata de um amortecedor recondicionado. Confira:
- a peça recondicionada deve receber somente óleo hidráulico. Se isso não ocorrer, podem surgir problemas de suspensão, que comprometem outros sistemas do veículo;
- a solda de fechamento do tubo deve ser elétrica e de alta resistência. Em hipótese alguma deve-se utilizar o óxido acetileno;
- os anéis e dispositivos de vedação devem ser fabricados com materiais resistentes à ação química do óleo, em situações de subida e descida, bem como no caso de intensidade de pressões;
- caso seja preciso recondicionar também a haste, este procedimento deve ser feito em uma retífica, não em tornos, de modo que a dimensão e o acabamento fiquem corretos.
Quais os sinais que indicam a necessidade de troca do amortecedor?
O amortecedor é uma peça fundamental do veículo, que garante não somente o conforto dos ocupantes, mas também a sua segurança.
Amortecedores em bom estado permitem melhor dirigibilidade, oferecem estabilidade em vias irregulares e, quando funcionam corretamente, evitam o desgaste de outras peças. Ou seja, a manutenção é imprescindível, tanto do ponto de vista de segurança quanto econômico.
Alguns sinais podem indicar a necessidade urgente de manutenção:
- barulho (ruídos metálicos) ao passar por irregularidades, buracos ou lombadas;
- instabilidade na condução do veículo, especialmente em vias com mais problemas;
- instabilidade ao fazer uma curva mais acentuada;
- vazamento de fluidos na região dos amortecedores — isso pode ser verificado ao retirar o veículo de uma garagem ou estacionamento, por exemplo;
- pneus que apresentam desgaste mais rápido do que o esperado.
Caso estes problemas estejam acontecendo com o seu veículo, vale levá-lo para uma avaliação técnica mais cuidadosa e avaliar a substituição dos amortecedores (mesmo antes dos 50 mil quilômetros). Afinal, isso pode variar muito, dependendo da área de circulação (condições das vias), estilo de direção e prática da manutenção preventiva.
O indicado é fazer a manutenção do sistema de suspensão — que inclui os amortecedores — a cada 20 mil quilômetros ou quando algum problema for identificado. Já a opção por um amortecedor recondicionado depende muito da sua confiança no profissional que irá executar o serviço.
Vale a pena avaliar com cautela o serviço e a garantia oferecida, pois a sua segurança (e a de sua família) sempre deve ser o fator determinante de escolha. Tenha cuidado para o barato não sair caro!