Fechamento da Ford: será que os clientes precisam se preocupar?

No dia 11 de janeiro, a notícia do encerramento de atividades da Ford no Brasil surpreendeu os proprietários de veículos da marca. Questões como a possível desvalorização dos modelos da empresa e o risco de falta de peças de reposição são as grandes preocupações dos motoristas. 

Quer entender melhor o tema e descobrir se a saída da Ford do Brasil irá afetar você? Então, continue a leitura do nosso post!

Ford garante peças de reposição e serviços de pós-venda

A Ford  anunciou o encerramento da produção de veículos no Brasil, com o fechamento das fábricas de Camaçari (BA), Taubaté (SP) e Horizonte (CE). Além disso, em 2019 a fábrica no ABC Paulista também já havia fechado as portas. 

Porém, em nota à imprensa, a empresa garantiu que a produção de peças vai continuar por mais algum tempo, para garantir o estoque de componentes de reposição. “Enfatizamos que a Ford continuará ativamente presente no Brasil e na América do Sul com sua ampla Rede de Concessionários, prestando assistência total ao consumidor com operações de vendas, serviços, peças de reposição e garantia”, diz o comunicado. 

Assim, em tese, os proprietários dos carros da marca não precisam se preocupar com problemas de manutenção, embora já existam relatos de falta de peças, como explicaremos a seguir.

Já a desvalorização, infelizmente, deve ocorrer, uma vez que qualquer veículo que saia de linha acaba perdendo seu valor de mercado. Porém, importante lembrar que alguns modelos ainda serão comercializados, embora fabricados na Argentina e Uruguai. Ou seja, não serão descontinuados, portanto, não sofrerão depreciação de preços.

Procon-SP notifica concessionárias Ford por falta de componentes

Apesar das garantias dadas pela montadora, a Associação Brasileira dos Distribuidores Ford (Abradif) informou que vários concessionários associados relatam a falta de peças de reposição e estão sendo notificados pelos Procons regionais. Diante disso, o Procon-SP enviou, no dia 3 de fevereiro, uma notificação à associação, cobrando esclarecimentos.

O órgão de defesa do consumidor já havia enviado uma notificação à montadora, em 13 de janeiro, solicitando explicações sobre como ela irá garantir os direitos dos clientes e se há risco de algum ônus aos proprietários de veículos Ford.

No entanto, vale explicar que a maior parte das peças de reposição da marca é fabricada por terceiros, mediante contrato. Ou seja, em princípio o trabalho das concessionárias (que continuarão a vender veículos Ford, porém importados) não deve ser afetado. Aliás, enquanto houver demanda pelos componentes, a perspectiva é de que existam fornecedores produzindo essas peças. 

Consumidores devem adotar alguns cuidados

Apesar de, em princípio, não haver riscos para os proprietários de veículos da marca, alguns pontos merecem atenção:

  • verifique, na concessionária onde comprou o veículo, se os serviços de assistência técnica serão mantidos;
  • confira se o valor de seu seguro automotivo será mantido;
  • confirme os canais de atendimento da marca.

Quem comprou um novo veículo imediatamente antes do anúncio da saída da Ford do país pode tentar negociar com o vendedor, embora não exista amparo legal para rescisão do contrato. Vale lembrar, no entanto, que o Código de Direito do Consumidor estabelece que o cliente não pode ficar desassistido. No caso de um veículo, isso significa ter peças de reposição, manutenção e garantia. 

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Entenda as razões da saída da Ford do Brasil

Centenária e quinta maior montadora do país, a Ford resolveu deixar o Brasil alegando questões como a ociosidade das fábricas durante o período de pandemia e o fato de que a indústria automotiva global está passando por um processo de transformação, com tecnologias em serviços conectados, eletrificação e veículos autônomos.

No Brasil, a matriz energética veicular ainda está bastante focada nos combustíveis fósseis, em função das riquezas do pré-sal, e nos biocombustíveis, já que existe ampla área para a agricultura e produção de soja (para o biodiesel) e cana-de-açúcar (matéria-prima do etanol). 

Tais características fazem com que os veículos produzidos em território nacional não sejam interessantes para exportação. Com o enfraquecimento da economia e o chamado custo Brasil, decorrente da alta tributação, muitas indústrias não conseguem manter os seus negócios.

Para a Anfavea, associação que representa as montadoras, “isso corrobora o que a entidade vem alertando há mais de um ano sobre a ociosidade local, global e a falta de medidas que reduzam o custo Brasil”.

O proprietário de veículos da marca, no entanto, pode ter tranquilidade, pois apesar do fechamento da Ford, a empresa garante que as peças de reposição e serviços de manutenção e garantia permanecerão funcionando normalmente – até porque os carros da marca continuarão a circular no país, sejam os mais antigos, sejam os importados. 

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